“A Gaiola Dourada” e “As Linhas de Wellington” Maria e José Ribeiro vivem há cerca de 30 anos na casa da porteira no rés-do-chão de um prédio de luxo em Paris. Este casal de imigrantes portugueses é querido por todos no bairro: Maria uma excelente porteira e José um trabalhador da construção civil fora de série. Com o passar do tempo, este casal tornou-se indispensável no dia-a-dia dos que com ele convivem. São tão apreciados e estão tão bem integrados que, no dia em que surge a possibilidade de concretizarem o sonho das suas vidas, regressar a Portugal , ninguém quer deixar partir os Ribeiro. Mas estarão, a Maria e o José, verdadeiramente com vontade de deixar França e de abandonar a sua preciosa gaiola dourada? Os "choques culturais " entre portugueses e franceses proporcionam cenas divertidíssimas , como quando uma senhora francesa confunde Salazar com o General Alcazar ,ou com Saint Lazare , nome de uma estação ferroviária. Sabemos que Joaquim de Almeida e Rita Blanco são excelentes actores, mas os restantes actores portugueses e franceses conseguem manter um ritmo e uma alegria que o cinema português raramente assume, condicionado por preconceitos intelectuais que sobrevivem graças aos subsídios pagos com os nossos impostos... Este filme prova que qualidade é compatível com uma visão positiva da realidade , com graça e bom humor , e não é necessário ser soturno, , maçador, arrastado e negativo para ter qualidade .Prova tambem que sabemos apreciar um bom filme nacional , que nos ajude a ver as nossas qualidades e a combater o " Nacional Pessimismo " , de moda pelo menos desde os " Vencidos da Vida " do Eça . "As Linhas de Wellington" Esste é um filme português indispensável , que nos conta ,com grande qualidade, a heroica resistência do Povo e do Exército Português à terceira invasão francesa. Os exércitos napoleónicos, até aí invencíveis , foram derrotados tres vezes pelos nossos antepassados há somente duzentos anos ... O apoio militar inglês foi óbviamente importante. A construção das "Linhas de Torres" terá sido iniciativa do General Duque de Wellington, representado por John Malcovitz. A sempre bonita e talentosa Catherine Deneuve tambem participa no filme. Já não se encontra nas salas de cinema, mas pode ser comprada ou alugada em DVD ou nas empresas de TV Cabo. Na opiniao dos meus filhos, o filme é muito bom mas sofre de um dos defeitos clássicos do cinema português: planos um bocado longos e falta de ritmo. Mas, em minha opinião, desse modo transmite o ambiente dramático e angustiante que se vivia nessa terrível guerra. Já não concordo com as inevitáveis e inoportunas cenas de sexo, que o tornam impróprio para as crianças... Será que os cineastas acham-nas importantes para agradar ao público? Devia haver uma versão para se ver em família e para as escolas! Se não habituarmos os jovens aos bons filmes portugueses, como " Inês de Portugal ", ou "O Julgamento do Rei ", não estranhemos que mais tarde só gostem de filmes violentos norte-americanos e não se interessem pela nossa História... E a propósito: para quando um bom filme de acção sobre a vida de São Nuno Álvares Pereira? É escandaloso que ainda não tenha sido feito . "Bora lá malta" pressionemos o Ministro da Cultura (responsável pela distribuição dos subsídios), e os BONS cineastas portugueses! Dom Duarte de Bragança, Quinta de Sta Júlia, Peso da Régua, Agosto de 2013 |
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