O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, de 90 anos, hoje distinguido com o prémio da Federação Internacional dos Arquitetos Paisagistas, é um dos responsáveis pelo desenho das áreas verdes de Lisboa, de Monsanto às zonas ribeirinhas oriental e ocidental. A sua obra, como arquiteto paisagista, moldou de forma significativa a capital portuguesa e a área metropolitana, com projetos que vão dos jardins da sede da Fundação Calouste Gulbenkian - Prémio Valmor de 1975, que assinou com António Viana Barreto -, ao Vale de Alcântara, ao Parque de Monsanto ou ao Jardim Amália, no Parque Eduardo VII. O Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental e ocidental, na Estrutura Verde Principal de Lisboa, assim como os projetos do Vale de Alcântara e da Radial de Benfica, do Vale de Chelas e do Parque Periférico também são da sua autoria. Nascido em Lisboa, a 25 de maio de 1922, Gonçalo Pereira Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e formou-se em Arquitetura Paisagista no Instituto Superior de Agronomia, onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral. Foi professor catedrático convidado da Universidade de Évora, criando as licenciaturas em Arquitetura Paisagista e em Engenharia Biofísica, e destacou-se na intervenção pública contra a ditadura salazarista, nas sessões do Centro Nacional de Cultura. Ainda na política, fundou, em 1957, com Francisco Sousa Tavares, o Movimento dos Monárquicos Independentes e, depois, o Movimento dos Monárquicos Populares, apoiando, um ano mais tarde, a candidatura presidencial de Humberto Delgado. Em 1971 ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica e, após o 25 de Abril de 1974, fundou o Partido Popular Monárquico, a cujo diretório presidiu. Em 1979, integrou a Aliança Democrática, liderada por Francisco de Sá Carneiro. Foi subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisórios, e secretário de Estado com a mesma tutela no I Governo Constitucional, foi deputado na Assembleia da República, na década de 1980, e integrou o VIII Governo Constitucional, como Ministro de Estado e da Qualidade de Vida. Paralelamente à atividade política, criou as zonas protegidas da Reserva Agrícola Nacional, da Reserva Ecológica Nacional e lançou as bases do Plano Diretor Municipal de Lisboa. Viria a criar o Movimento Alfacinha, para se candidatar à Câmara Municipal de Lisboa, tendo sido eleito vereador, e fundou mais tarde o Movimento O Partido da Terra, ao qual preside de forma honorária desde 2007. Foi galardoado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, em 1994, pelo Presidente da República Mário Soares. Ribeiro Telles foi hoje distinguido com o "Nobel" da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, atribuído pelos seus pares, durante o Congresso da Federação Internacional dos Arquitetos Paisagistas, em Auckland, na Nova Zelândia. O prémio tem por objetivo reconhecer "contribuições que tenham tido um impacto incomparável e duradoiro no bem estar da sociedade e do ambiente e na promoção da profissão", como destacam a Federação Internacional e a Associação Portuguesa de Arquitetos Paisagistas. Lusa |
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