A certeira síntese de D. Duarte sobre a aberração da ''educação sexual pública'' (Blogue "O corta-fitas") Usualmente esta seria mais uma barbaridade para ignorar, e consumo apenas dos habituais da loja. Sucede que a coisa existe na forma legal, e está, este ano lectivo, em vigor com carácter obrigatório em muitas escolas do país. De onde resulta que o que D. Duarte Pio tenha dito ao DN tenha sido uma mera constatação do óbvio, que merece aplauso e não escárnio. Eu teria ido até mais longe: é um atentado às mais básicas liberdades individuais, e um assalto ao património cultural português, permitir que se tenha instituído educação sexual obrigatória nas escolas públicas (o mal é que estas existem!). Os argumentos são de uma clareza que até a mais empedernida mente estatista os deveria compreender. Em nenhum estado democrático do mundo se pode pretender que a escola se substitua por completo à família. Em particular, não se deveria sequer imiscuir na transmissão de valores. A dita "educação sexual" obedecerá necessariamente a um plano formativo, que o legislador pretenderá o mais estéril possível, e, logo aí, estará a violentar toda a noção nuclear de sociedade assente na família, como é próprio de um universo tradicionalmente católico como o português, em que os pais (marido e mulher, leia-se) transmitem aos seus filhos, por palavras e por condutas, com afecto, os valores que entenderem adequados. A suposta neutralidade da educação pública nessa matéria é, em si mesma, uma escolha valorativa: a consideração como idênticas de escolhas diversas de orientação sexual, sob a capa da não discriminação, expropriando-me do direito de transmitir aos meus filhos os valores que eu entender é inadmissível. Não é esta uma declaração ingénua. Obviamente que a transmissão pode ser mal sucedida, e obviamente que eles terão outros meios de acesso a informação. É contudo de uma mentalidade estalinista supor que o Estado tem condições para o fazer com maior taxa de sucesso. As referidas aulas na escola pública não deixarão de verter esses valores de neutralidade entre opções, que como católico posso legitimamente repudiar, e não pretender que os meus filhos ouçam em contexto de aula; nem deixarão de vender ideologias permissivas sobre meios contraceptivos, em idade a definir pelo Estado, resultando num modelo educativo em que - como se mostra em Espanha e em Inglaterra - o número de abortos entre adolescentes tem aumentado, porque a banalização da discussão sexual em idades precoces e centrada em questões de planeamento familiar, torna o acto sexual em si banal, desprovido de qualquer carga emocional intrínseca, e sentido religioso. Alguém me dirá que esta é uma posição extremista. Pelo contrário. É a posição liberal: a família tem o direito de não se sujeitar a programas definidos burocraticamente, nesta matéria, por Ministérios. A Lei 60/2009 e a regulamentação subsequente têm um fundamento típico de toda a crise da governação socialista: são marcadas pela ofensiva jacobina. O Estado é um intruso legislativo até no mais íntimo da esfera familiar. O que faz parte dessa maçónica agenda de ataque à família. Se eu não pretender que os meus filhos sejam educados de acordo com plataformas de suposta igualdade entre opções, de que a ridícula AMPLOS é um exemplo máximo, posso fazer o quê? Se eu não pretender que sejam expostos à permissividade implícita nas teses sobre contraceptivos, e quiser antes valorizar a castidade pré matrimonial, na tradição católica, se quiser condenar o aborto e tentar dialogar com eles sobre o erro que representa aniquilar uma vida, dado que esta é um dom de Deus, tenho que me bater contra a Escola? A nossa maldita herança legislativa francófona tem permitido abusos, e felizmente que existem vozes como a de D.Duarte que não temem a ditadura do politicamente correcto. Já agora, quanto custa a AMPLOS ao Orçamento de Estado?
In: Blogue "O corta-fitas" | Publicado por Carlos Santos
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